Caixa d’água de restaurante a R$ 1 vira banheiro para usuários de crack
O fechamento do restaurante popular Abelardo Chacrinha Barbosa, intrigou moradores de Irajá, na zona norte do Rio. Desde julho passado, o estabelecimento permanece fechado por decisão da Vigilância Sanitária após denúncias de que usuários de crack tomavam banho na caixa d'água do lugar. Os arredores do restaurante que serve refeições a R$ 1 também seriam usados como banheiro por moradores.
Boatos diziam até mesmo que um corpo havia sido encontrado dentro da caixa d’água do restaurante, que funciona na Ceasa (CompanhiaEstadual de Abastecimento), na avenida Brasil. A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos nega e diz que o motivo da interdição são obras hidráulicas, no piso e na pintura. A DH (Divisão de Homicídios) também informou não ter recebido denúncia sobre morte no local.
A equipe do R7 esteve no local na última segunda-feira (13) e nenhuma obra foi encontrada. A Vigilância Sanitária verificou que a caixa de esgoto da cozinha transbordava, causando mau cheiro. A Secretaria de Saúde e Defesa Civil do município pediu obra de adequação da caixa de esgoto e vedação da caixa d’água. A Secretaria de Assistência Social diz que não há previsão de reabertura do restaurante.
Desde 31 de março de 2011, quando a secretaria deu início às operações conjuntas com órgãos de segurança para o enfrentamento à epidemia do crack, foram promovidas 94 ações nas principais cracolândias do município, entre elas Irajá. Ao todo, foram 4.706 acolhimentos, sendo 4.043 adultos e 663 crianças e adolescentes.
Mais de 2.000 sem almoço por dia
Com o fechamento do Abelardo Chacrinha Barbosa, mais de 2.000 pessoas ficaram sem a opção barata de alimentação em Irajá. O restaurante fornece 575 cafés da manhã e 2.300 almoços por dia. O café da manhã custaR$ 0,35 e o almoço sai por R$ 1.
As 16 unidades do Estado fornecem juntas, diariamente, 51.325 almoços e 19.875 cafés da manhã, de segunda a sexta-feira. O café da manhã é oferecido entre 6h e 9h, e o almoço, no intervalo de 10h às 15h.
O aposentado José Francisco da Silva, de 72 anos, sai de Guadalupe (zona norte) para almoçar no restaurante popular Tia Vicentina, em Madureira (zona norte).
— É uma economia muito grande comer todos os dias aqui [no restaurante popular Tia Vicentina]. Com odinheiro que eu economizo, eu saio para passear com a minha família e ainda sobra um restinho para as minhas netas.